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«Confiança pública na profissão só se constrói com conduta ética irrepreensível»
15 Setembro 2025
iesba
Paula Franco marcou presença na abertura da conferência do IESBA, em Lisboa.


Paula Franco participou, na manhã de 15 de setembro, na sessão de abertura da primeira conferência do International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA) que teve Lisboa e o campus do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, como palco. 


Num auditório repleto, e com a ética sempre no centro de todas as atenções e preocupações, a bastonária da Ordem dos Contabilistas não teve dúvidas em afirmar que «a confiança pública na nossa profissão só se constrói com competência técnica e com uma conduta ética irrepreensível.»


Expressando-se em inglês, Paula Franco sublinhou que «a ética e a deontologia não são meros conceitos abstratos. São o compromisso diário que cada contabilista certificado assume ao exercer a sua função», o que garante «a transparência e rigor das contas, e que protege o interesse coletivo que sustenta a integridade do sistema económico.»


Debruçando-se depois sobre outro dos termos fortes que nortearam a conferência, Paula Franco deixou claro que «a independência não é apenas um requisito formal. É o escudo que protege a verdade.»


Por isso, lembrou ainda a bastonária, «na Ordem temos orgulho em manter um Código de Ética e Deontologia alinhado com as diretrizes internacionais do IESBA. Mas, mais do que um conjunto de normas escritas, este código é a expressão de um valor que nos une, o dever de servir a sociedade com honestidade, rigor e responsabilidade.»


Como «a ética não é estática» e requer, permanentemente, «formação profissional contínua e um aperfeiçoamento pessoal e profissional ímpar», Paula Franco reafirmou o empenho da Ordem «em formar, apoiar e exigir que cada contabilista certificado seja um exemplo de integridade» porque, como fez questão de enfatizar, «a nossa maior credencial não é a assinatura que colocamos num relatório ou numa declaração, é a confiança que inspiramos.»

 

 

«Contabilistas são a primeira linha de supervisão» - Miranda Sarmento

 


A sessão de abertura contou com mais quatro oradores. Joaquim Miranda Sarmento (primeira foto da galeria) foi o último a usar da palavra para deixar claro que «quando a ética e a supervisão falham – seja nos EUA, Itália ou Portugal – as consequências têm impacto em toda a economia e sociedade», recordando, a propósito, casos como os da Enron ou Lehman Brothers, ou até mesmo os colapsos bancários vividos dentro de portas. «A confiança é, pois, o ativo mais valioso que temos e, uma vez perdido, é difícil recuperá-lo», pelo que a ética na contabilidade e auditoria «são indispensáveis», sublinhou o ministro das Finanças. Essa indispensabilidade alarga-se a mais áreas, uma vez que «bancos, seguradoras, gestores de ativos e reguladores partilham igualmente a responsabilidade de manter padrões éticos», referiu Miranda Sarmento que defendeu ainda ser este um tema que ganha relevância acrescida num período marcado por desafios que «vão testar o nosso compromisso com a ética. A transformação digital, a inteligência artificial e a crescente ênfase do reporte não financeiro, criam dilemas para contabilistas e auditores», afirmou.


Como responsável pela pasta das Finanças e, desde logo, pela recolha de impostos, Miranda Sarmento abordou ainda a «dimensão ética» na área tributária. «Os contabilistas são a primeira linha de supervisão. São os profissionais que garantem que as empresas respeitam o quadro legal, que as receitas e despesas são registadas de forma correta e que as obrigações fiscais são cumpridas em tempo útil e no valor correto», disse.


Diante de tal cenário, «a qualidade da informação produzida por contabilistas e verificada por auditores será decisiva: tem de manter-se precisa, transparente e útil na tomada de decisões», afirmou ainda Miranda Sarmento para quem «manter os padrões éticos será ainda mais crucial à medida que navegamos por todos estes desafios», uma vez que «uma distorção no reporte e uma auditoria fraca podem ter consequências devastadoras.»


Minutos antes, a sessão de abertura começara com a nota de boas-vindas e a assertividade de João Duque (segunda foto da galeria), presidente do ISEG, que aproveitou a ocasião para enfatizar o reforço que a “sua” escola tem vindo a desenvolver no capítulo da ética, até porque, como referiu, «queremos ajudar a construir líderes também no aspeto ético.»


Virgílio Macedo, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, lembrou o papel «crítico» dos auditores, cujo atuação tem de estar baseada na confiança, mas também na integridade, independência e verdade.» «A ética é a essência da profissão de auditor e quando a ética falha os resultados podem ser devastadores», concluiu. 


Gabriela Figueiredo Dias (quarta foto da galeria), a portuguesa que preside ao IESBA, deixou uma nota de agradecimento às entidades que colaboraram com o seu organismo para que a conferência se materializasse – OCC, OROC e ISEG – e lembrou que a iniciativa registou mais de mil inscrições (presenciais e online), provenientes de cerca de 100 jurisdições. «A ética importa, a ética conta», sublinhou, para acrescentar: «A ética é uma condição crítica para o crescimento, é a nossa linguagem universal.»