O ex-ministro Daniel Bessa afirmou ontem que, «neste momento, não é fundamental subir os impostos», mas é «necessário conseguir resolver o défice da Segurança Social, baixar as despesas públicas e racionalizar os custos da saúde». As declarações de Bessa foram proferidas após a tomada de posse como presidente do Gabinete de Estudos da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, sucedendo no cargo ao antigo ministro das Finanças Sousa Franco. O ex-ministro não se alongou muito em relação à questão dos impostos, mas salientou que essa situação «é uma possibilidade a considerar, caso não se consigam diminuir as despesas». Daniel Bessa defende, no entanto, que, em caso de se verificar esse aumento, o IVA deverá ser o primeiro imposto a subir. «Não é o mais justo, mas é o mais exequível», esclareceu. Segundo o presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, Domingues de Azevedo, a escolha de Daniel Bessa baseou-se no facto de este «conciliar a vertente científica, através do seu enorme conhecimento académico, com a vertente experimental». Adiantando algumas das propostas que o gabinete tem entre mãos e que irá apresentar ao novo Governo, disse ser urgente «clarificar a funcionalidade do regime simplificado de tributação», uma vez que é tudo menos simples e tem gerado imensas injustiças, bem como criar um conceito mais agilizado para o depósito de contas das empresas e, ainda, eliminar a obrigatoriedade dos livros selados. Daniel Bessa preferiu alicerçar o seu discurso em duas propostas que tenciona concretizar: tornar a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas um mediador entre o Estado e os cidadãos, essencialmente no sentido de tornar a comunicação política compreensível para todos, e diminuir o grau de burocracia com que as empresas portuguesas são confrontadas. «Estamos imersos num mundo de burocracia, numa complexidade escessiva», concluiu.