Os investimentos municipais estão a ser norteados por critérios de "visibilidade e popularidade", para permitir aos autarcas angariar votos, fazendo com que a falta de rigor de gestão agrave o endividamento do país, defendeu hoje Rui Rio.
Para o presidente da Câmara do Porto, que intervinha no II Congresso dos Técnicos Oficiais de Contas, "na política, a contabilidade é uma coisa menor, mas não pode ser, porque é verdadeiramente para o país". "O país tem vivido acima das suas posses. E alguém que o faz estará no momento seguinte mais pobre do que estava", defendeu o autarca. Para Rio, uma sociedade que "criou a palavra economicista, que não existia há poucos anos, é uma sociedade que precisa de uma acção pedagógica sobre critérios de gestão". Para o presidente da Câmara do Porto, o "economicista", epíteto com que lhe é habitualmente colocado pelos seus críticos, é aquele "que quer gastar apenas aquilo que tem, ao contrário do que gasta o que não tem". Perante perto de um milhar de técnicos de contas, Rio vincou o seu apoio à nova Lei das Finanças Locais, "naquilo que impõe de rigor em gestão autárquica". Para Rio, o Governo deveria ter ido mais longe, alterando a forma de atribuição de verbas às câmaras, dando-lhes uma percentagem dos impostos (IVA, IRC, IMI) cobrados nos respectivos conselhos. "Assim tínhamos a realidade do concelho" expressa nas verbas camarárias, disse Rui Rio. Nos moldes actuais, defendeu, "as grandes autarquias dependem da construção civil e as pequenas do Orçamento de Estado", e as principais beneficiadas são "as cidades dormitório, e não são estas que têm pujança económica e cultural que as cidades têm".