A Câmara do Porto vai acabar com todos os subsídios pecuniários a fundo perdido a partir de 1 de Janeiro de 2007, sendo as únicas excepções as transferências para as juntas de freguesia e as situações "altamente excepcionais de carácter exclusivamente social, que deverão ser alvo de análise particular e específica". A decisão figura de um despachado assinado sexta-feira por Rui Rio e onde se considera preocupante "o fenómeno de desajustada subsídio dependência". O presidente da autarquia admite que tem seguido, nos últimos cinco anos que está à frente da câmara, um "caminho completamente errado" e assume que vai a tempo de inverter a "perversa cultura de mão estendida".
No despacho, que salvaguarda o cumprimento de todos os protocolos assumidos verbalmente ou por escrito até à data em que é assinado, justifica-se a decisão com a necessidade de contrariar a visão "socialmente injusta e claramente ultrapassada" que devem ser as finanças públicas a suportar todas as actividades dos munícipes. O autarca contextualiza ainda a retirada dos subsídios pecuniários com uma realidade em que "o gasto e o desperdício público são proporcionais à degradação de vida do povo, designadamente das camadas sociais mais desfavorecidas".
Rui Rio insiste que esta posição serve de bom exemplo para todo o país e assume que é um contributo importante que o município do Porto dá para não alimentar o aumento sucessivo da despesa pública e o consequente nível dos impostos. Recorrendo a expressões que atacam o financiamento dos movimentos associativos e a comparações inusitadas, o despacho, tornado público no site da câmara, refere ainda que em matéria de finanças públicas o país está muito longe de conseguir alcançar o ritmo do europeu e enfatiza que o estado da despesa pública "é castrador do desenvolvimento português".
À margem da conferência dos Técnicos Oficiais de Conta, lembrou ainda que como presidente da Junta Metropolitana a primeira medida que tomou foi terminar com os subsídios. "Simplesmente aí era fácil porque se davam muito poucos. Na Câmara não é assim tão fácil, mas o nível actualmente atribuído baixou tanto que quase não têm expressão", referiu.