Ordem nos media
DGCI - Um director-geral consensual
7 May 2004
Presidente da CTOC destaca vontade em unir esforços
O novo director-geral dos Impostos, Paulo Macedo, 40 anos, ainda não tomou formalmente posse, mas na passada segunda feira travou os primeiros contactos com o futuro posto de trabalho. As apresentações foram feitas pela mão do próprio Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Vasco Valdez fez questão de fazer com ele uma pequena visita guiada pelas instalações da Rua da Prata e, pelo meio, algumas apresentações pessoais. Essa atitude foi vista na casa como uma forma de o secretário de Estado fazer saber que Paulo Macedo tem todo o seu apoio e aval e que pretende, de futuro, manter um trabalho de equipa entre a Secretaria de Estado e a DGCI, coisa que poucas vezes terá acontecido com o anterior director-geral, Armindo Sousa Ribeiro. E o novo director-geral não tem uma tarefa fácil pela frente. Paulo Macedo foi requisitado ao Grupo BCP, onde era director-geral adjunto, além de administrador da Medis. Como sublinha o fiscalista Saldanha Sanches, «é um homem da gestão privada, que não terá grande paciência para os feudos e hábitos adquiridos que existem na Administração Fiscal. Há coisas que lhe vão parecer desafios inacreditáveis, resta saber se terá os instrumentos adequados». Dificuldades à parte, Paulo Macedo é visto como uma boa escolha. Saldanha Sanches considera-o «um especialista em impostos » e Medina Carreira, fiscalista e ex-ministro das Finanças também diz que tem dele «a melhor impressão». E as «informações abonatórias» chegam de vários quadrantes, como por exemplo da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC). Domingues Azevedo, presidente desta instituição, diz de Paulo Macedo que é «sensato, calmo e ponderado, com conhecimentos bastantes profundos na área da fiscalidade, mas que terá pela frente grandes desafios». A começar pelo «combate à fuga e evasão fiscal, passando pela formação profissional da Administração Fiscal ou pela necessidade de criação de um novo sistema remuneratório para os funcionários». Uma tarefa nada fácil, tendo em conta que «a DGCI é a mais importante direcção-geral da administração pública, da qual depende a recolha das receitas que fazem girar tudo o resto». Para já acrescenta Domingues Azevedo, «a CTOC está disponível para trabalhar com a direcção-geral e pretende, logo que possível, solicitar uma reunião de trabalho». Paulo Macedo fez parte da Comissão para a reforma do sistema fiscal, presidida por Silva Lopes. O ex-governador do Banco de Portugal e actual presidente do Montepio Geral, também não poupa elogios a Paulo Macedo. «Era difícil encontrar pessoas em Portugal com melhores qualificações para o lugar. É uma pessoa que sabe de fiscalidade a sério», afirma. Reconhecendo que Paulo Macedo enfrenta uma «tarefa hercúlea», Silva Lopes destaca ainda a «capacidade de trabalho», o «conhecimento da legislação vigente e de novas concepções» e a «grande isenção» reveladas pelo novo Director da DGCI na colaboração prestada na Comissão para a Reforma do Sistema Fiscal. «Paulo Macedo já exercia nessa altura funções na banca, mas nunca hesitou em tomar posições que pudessem ir contra os interesses específicos do sector», recorda. Para os responsáveis do Sindicato dos Trabalhadores e Impostos (STI), o facto de Paulo Macedo ser oriundo do sector bancário até pode vir a constituir uma vantagem. «Esperamos que, vindo da banca, seja capaz de implementar alguma da dinâmica que existe nesse sector em Portugal», afirma César Jesus, vice-presidente do STI, que recorda os problemas que a máquina fiscal em Portugal tem ao nível da degradação das instalações, sistema informático e da «falta de uma verdadeira formação profissional». Paulo Macedo é licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISEG e tem vários cursos de formação nas áreas da fiscalidade, contabilidade, finanças e auditoria. Antes de ingressar no Grupo BCP passou pela Arthur Andersen, divisão de Consultadoria Fiscal, onde chegou a ser director.