Opinião
Ordem nos media
Complexidade e optimismo
4 March 2005
Opinião de Domingues de Azevedo, Presidente da Direcção da CTOC
Ao longo da vida, somos confrontados com coisas simples, que se revelam de um enorme significado e nos provocam estados de alegria ou de tristeza. Recentemente, numa conversa solta sobre o estado da profissão de TOC, um técnico superior da Administração Fiscal ligado à fiscalização revelava-me que, nos últimos tempos, se tem verificado uma grande e significativa melhoria em termos de qualidade dos Técnicos Oficiais de Contas. Demonstram um maior domínio das temáticas profissionais e começam a ter uma opinião própria sobre o enquadramento jurídico das questões inerentes às matérias conexas com a profissão, disse-me mais ou menos por estas palavras. Essa melhoria, confidenciava-me o técnico superior, é hoje bem visível na formulação, fundamentação e sustentação das reclamações que apresentam aos serviços, contestando, e em alguns casos com razão, muitos dos procedimentos das acções de fiscalização. Como podem depreender, senti uma enorme alegria ao ouvir a explanação de alguém que trabalha na área, no sector em que se movimentam os TOC, e que se reveste de tanta importância para a economia nacional. Alegria, porque as afirmações constituíam a confirmação de que o nosso trabalho, embora ainda ténue, começa a apresentar os seus frutos. Alegria, porque, de algum modo, as palavras daquele técnico eram a confirmação de que estamos no caminho certo, de que os objectivos traçados começam a ser atingidos. Alegria, e perdoem-me, mas também alguma vaidade, porque ele constitui a comprovação de todo o nosso empenho, de que não fracassámos nos propósitos a que nos propusemos. Alegria, porque a profissão começa a entrar naquilo que sempre deveria ter sido: dispor de profissionais qualificados, credibilizados e reconhecidos pela sociedade que a envolve. Não é fácil neste processo dizer que esta ou aquela acção, esta ou aquela iniciativa tiveram maior ou menor preponderância para a obtenção daquele desiderato. As grandes coisas não surgem isoladas de todo o contexto em que são geradas e se movimentam, mas antes são o corolário lógico de todo um conjunto de acções e iniciativas que se vão concebendo e realizando. É como se fosse a junção de minúsculas gotas de água que, quando se juntam, formam a chuva. Estou certo de que o caminho a percorrer será complexo, mas estou optimista em que ¿ tal como um técnico superior da Administração Fiscal reconheceu ¿ é certo que, numa conversa informal, a importância de uma profissão de interesse público, os poderes públicos, o entendam igualmen- te.