A Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas
(OTOC) convidou representantes de instituições de ensino que ministram cursos
com acesso à profissão e associações de estudantes para uma jornada de reflexão
e debate sobre a preparação dos TOC, com vista a um maior rigor e qualidade no
exercício da atividade.
Estiveram presentes no auditório do
edifício-sede da OTOC representantes de 27 escolas e duas associações de
estudantes, oriundos de todo o país. Os efeitos de Bolonha, a preparação dos formandos
para os exames de avaliação profissional, a forma e o conteúdo das provas e o
futuro da contabilidade em Portugal foram as linhas mestras da ordem de
trabalhos, que se prolongaram durante cerca de três horas. A reflexão foi viva
e intensa, suscitando muitas questões, dúvidas e preocupações.
Domingues de Azevedo defendeu que é com
iniciativas desta natureza «que a Ordem cumpre o seu papel de entidade
reguladora». O Bastonário referiu que «com a crise, a contabilidade terá ainda
um papel mais importante», o que implica uma melhor formação dos preparadores
da informação.
O responsável máximo da OTOC sensibilizou os
presentes para a importância do curso de preparação para a realização do exame
de avaliação profissional, apelando as instituições de ensino a comunicarem
formalmente á entidade reguladora se pensam colocar em prática esta iniciativa.
A prova será composta por seis módulos de 30 horas teórico-práticas cada, num
total de 180 horas. «As alterações curriculares introduzidas no exame e este curso
de preparação têm por objetivo preparar os TOC para o universo e a realidade
específica que se vive nas Pequenas e Médias empresas», acrescentou o
Bastonário.
Pedro Roque, presidente do júri de exame,
também usou da palavra para enfatizar o caráter central do curso de preparação,
após a obtenção da licenciatura e utilizou um exemplo de fácil apreensão: «Uma
coisa é ter carta de condução, outra bem diferente é querer participar numa
corrida». Roque acrescentou que o exame de avaliação da Ordem se «encontra
estabilizado há algum tempo», mas partindo do pressuposto que a vertente
prática é para manter, «estamos abertos às sugestões das escolas». A ocasião
serviu ainda para a revelação que a média de aprovação nos exames da Ordem tem
vindo a crescer , situando-se nos 32 por cento dos candidatos.
Como
notas adicionais do debate, Domingues de Azevedo defendeu a necessidade urgente
de «dar um pontapé no marasmo, conferindo uma nova visibilidade à academia
contabilística, promovendo iniciativas e apoiando a investigação, que, no
entender do Bastonário, «são o que confere um rumo e um futuro às instituições.
«Vejam o êxito que está a constituir a criação dos colégios de especialidade»,
disse. O Bastonário reconheceu ainda que, no acesso á profissão, chegou a ser equacionada
a obrigatoriedade do grau de mestrado nas candidaturas, mas as elevadas
despesas associadas, e o atual contexto de crise levaram a abandonar a ideia,
não sem que os candidatos tenham ainda assim que apresentar um conjunto de
competências académicas mínimas essenciais para o exercício da profissão.