Em Faro, a 5 de Maio, Lopes de Sá prosseguiu a sua cruzada. No auditório da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) da Universidade do Algarve, e depois do vice-presidente da CTOC, Armando Marques, ter salientado a importância do professor, «que nos traz uma mais-valia incalculável», porque «ninguém pode esquecer o que tem feito em prol da Contabilidade», o orador recordou, uma vez mais, que «a ciência não tolera o alternativo e aquilo que as NIC querem é isso mesmo. Estas normas querem apenas a manipulação do lucro e do prejuízo», salientou, para de seguida citar Albert Einstein que afirmava que «as normas transformam o homem em robô, monopolizam a informação. É isso que estamos a viver.»
No seu jeito vibrante e expressivo, e diante de uma plateia de cerca de centena e meia de TOC presa ao magnetismo oratório, o especialista brasileiro afiançou que «às NIC falta tudo: critério, ciência, autoridade» e garantiu que «a estrutura conceptual do IASB é um primor de asnice.» Apesar deste fogo cerrado, Lopes de Sá esclareceu não ser contra as NIC mas contra a forma como «estas NIC estão sendo feitas, ou seja, de uma maneira oligárquica e sem método, onde falta a ciência.» Por isso, «estão abertas as portas à fraude.»
Antes, já Cristina Gonçalves, professora na ESGHT, trouxera à liça a questão das normas, apresentando a comunicação «As normas internacionais de contabilidade e o sistema contabilístico português.» Numa intervenção onde expôs as razões que contribuíram para a influência das NIC no sistema contabilístico português e onde se debruçou sobre o sistema de normalização contabilístico, a oradora recordou que um dos pontos mais polémicos do IASB é, precisamente, o seu financiamento por multinacionais de auditoria. De qualquer forma, Cristina Gonçalves lembrou igualmente que um dos principais objectivos do organismo é «atingir uma convergência das normas nacionais e internacionais de contabilidade com soluções de elevada qualidade.»
Olhando para o modelo português, a oradora lembrou que o modelo IASB/UE e o modelo POC, que compõem o sistema em vigor, «não são facilmente "intercambiáveis", pois os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação são distintos.» Projectando depois o futuro próximo, a docente universitária chamou a atenção para a mudança de paradigma que a CNC propõe, ao caminhar do reconhecimento para a divulgação.
Como vantagens de todo este processo, ou melhor, da arquitectura do Sistema de Normalização Contabilística ao qual os TOC têm obrigatoriamente de se adoptar, Cristina Gonçalves apontou a fácil transição vertical, «sempre que ocorram alterações na dimensão das entidades que impliquem maior ou menor exigência de relato financeiro.» Por outro lado, lembrou a facilidade da mobilidade profissional e a eliminação das "duas contabilidades", para além de simplificar o ensino da Contabilidade. Os custos de conversão do modelo POC para modelo SNC, nomeadamente os informáticos e de formação foram colocados no outro lado da balança.