Comunicados
Carlos Menezes eleito membro do Conselho Diretivo da EFAA
22 Junho 2018
Representante da Ordem passa a integrar o board




Carlos Menezes foi eleito hoje, 22 de junho, por unanimidade membro do conselho diretivo (board) da European Federation of Accountants and Auditors for SMEs (EFAA).

A assembleia geral anual da EFAA, que decorreu em  Bruxelas, elegeu o novo Conselho Diretivo que continuará a ser presidido pelo alemão Bodo Richardt. 

O Conselho Diretivo passa a ser constituído pelo português Carlos Menezes, em representação da OCC (ao centro na imagem), o holandês Maurice Buijs, o esloveno Aleksander Stefanac e o alemão Marcus Tuschen. 

Na reunião magna esteve também presente a bastonária da Ordem, Paula Franco.


Entrevista a Carlos Menezes:
 
Revista Contabilista – Foi eleito, a 22 de junho, membro do Conselho Diretivo da European Federation of Accountants and Auditors for SME’s (EFAA), em representação da OCC. De que forma é que a sua participação neste importante associação de contabilistas europeia poderá constituir uma mais-valia para os profissionais portugueses?

Carlos Menezes – Nos próximos anos, a nossa profissão vai enfrentar grandes desafios. Por um lado, decorrente do problema das dívidas soberanas de diferentes Estados membros, a Contabilidade Pública tenderá a desempenhar um papel cada vez mais importante na vida dos profissionais de contabilidade. Por outro, tecnologias como Inteligência Artificial, Big Data e blockchain irão revolucionar as empresas e a nossa profissão. Finalmente, o papel cada vez crescente da Contabilidade de Gestão.
No que respeita à primeira, parece-me fundamental que se aposte fortemente numa melhoria do normativo e na qualidade do relato. Tal melhoria e qualidade só se conseguirão alcançar se, a montante, houver uma boa preparação e, posteriormente, uma certificação rigorosa no acesso à profissão. Neste aspeto, estou convicto que a disciplina na acreditação dos cursos de Contabilidade e o rigor no acesso à profissão que a OCC implementou, contribuíram de sobremaneira para a melhoria da reputação da profissão, o aumento da sua cientificidade e a qualidade do relato financeiro.
Em relação às tecnologias, o impacto será extraordinário na nossa profissão e exigirá de todos nós uma grande adaptação. As mudanças vão-nos proporcionar informação mais rica e detalhada que permitirão irão muito mais além de questões relativas ao valor e ao preço. Não nos devemos admirar que, no futuro, por exemplo o Balanço, traduza mais do que a situação financeira de uma empresa e venha a incluir, por exemplo, informação numérica que represente a energia utilizada por certa entidade e o impacto ambiental da sua atividade.
Por último, e decorrente da anterior, a Contabilidade de Gestão terá de estar cada vez mais presente na nossa vida diária. O desenvolvimento tecnológico proporcionará mais tempo disponível, o que possibilitará mais e melhor consultoria aos nossos clientes, nomeadamente ao nível da consultoria previsional, e tornará o Contabilista Certificado num elemento liderante e fundamental ao sucesso das empresas.
É esta a visão que levo para a EFAA e estes são vetores que considero fundamentais ao futuro da profissão. A minha formação e o fato de ter uma visão global e globalizada da nossa profissão, acredito que acrescentará valor. Contudo, não nos podemos esquecer, que acima de tudo, sendo representante de Portugal, quem define as linhas estratégicas de ação e atuação é a Sra. Bastonária e Conselho Diretivo.

Revista Contabilista - A última conferência da EFAA debruçou-se, essencialmente, sobre o impacto que a digitalização e a desmaterialização poderão ter sobre as pequenas e médias empresas. As PME portuguesas estão a responder bem a estes tempos de mudança? De que forma é que uma organização como a EFAA poderá ser útil neste capítulo? 

Carlos Menezes – A tendência será pensar que os nossos parceiros se encontram num estádio mais avançado de desenvolvimento. A meu ver, a situação Portuguesa não difere muito da dos restantes países europeus. Se considerarmos que nenhuma das 10 empresas liderantes neste setor é europeia, percebemos rapidamente que, em termos europeus, estamos longe do desejável. Contudo, sabemos que Portugal tem estado sempre na linha da frente na adoção de nova tecnologia e, no que à digitalização e desmaterialização diz respeito, não me parece que será uma exceção. Se olharmos, por exemplo, para o setor público, onde seria previsível a existência de maior resistência à mudança, têm sido dados passos de gigante. Em suma, saberemos acompanhar os novos desenvolvimentos e saberemos também ajustar a profissão a essas alterações disruptivas que serão sempre melhor recebidas se soubermos, através de formação, irmos preparando convenientemente os profissionais.
O papel da EFAA, nesta matéria, tem sido liderante, dado que tem feito um grande investimento no seu estudo. Desde junho de 2017 que está em funcionamento um grupo de trabalho especializado para a área digital, o qual tem procurado acompanhar os principais desenvolvimentos e tendências em matéria de digitalização, bem como identificar projetos que se revistam de uma mais-valia para os Contabilistas Certificados. Recentemente, a par da conferência para a digitalização, ocorrida em junho, foi iniciado um projeto que pretende o desenvolvimento de um processo, orientado especificamente para contabilistas, que possibilite a cada profissional avaliar o seu nível de preparação para o desafio digital, bem como conhecer as opções disponíveis para ultrapassar quaisquer deficiências ou melhorar as respetivas competências.
Em suma, a utilidade da EFAA, enquanto organização decorre não só do facto de que participa em discussões ao nível europeu e internacional, permitindo reunir informação, bem como elencar as melhores práticas para posterior difusão pelos seus membros, como também, estando localizado em Bruxelas, poder influenciar positivamente, em prol das necessidades e interesses das PMEs, as entidades responsáveis por legislar no espaço europeu.

Revista Contabilista – Quais os principais objetivos que a nova direção da EFAA pretende cumprir neste novo mandato e qual o possível impacto que essas medidas poderão ter junto dos contabilistas portugueses?

Carlos Menezes – As grandes apostas da nova direção vão ser definidas na próxima reunião da direção, após a recolha de contributos dos diversos membros. Contudo, é incontornável que se continuará uma aposta forte na melhoria do relato financeiro, bem como no estudo de adaptação da profissão para todas as problemáticas relacionadas com as novas tecnologias, a digitalização e a desmaterialização.