Comunicados
Comunidade académica exerce grande influência sobre a Contabilidade
17 Maio 2008
Sétima conferência realizou-se em Aveiro

Sala quase cheia no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro (ISCAA) para assistir a mais uma conferência que a CTOC está a desenvolver em parceria com diversas universidades do País. Jaime Santos, membro da Direcção da CTOC, abriu os trabalhos realçando que os desafios que se deparam aos profissionais devem ser abordados através de um esforço de actualização face às novas tecnologias da informação e no domínio da normalização contabilística. O responsável da Câmara adiantou que no triénio de 2008-2010, a prioridade será «formação, formação, formação», porque, explicou, «se não agarrarmos essas competências, tornar-se-á complicado». A discussão pública do Sistema de Normalização Contabilística e a alteração dos estatutos, são duas frentes em que a CTOC está especialmente empenhada, disse Jaime Santos. Maria de Fátima Pinho, presidente do conselho directivo do ISCAA, esteve na mesa em representação da instituição aveirense.
A primeira oradora da tarde, Leonor Fernandes Ferreira, fez uma resenha do contexto legal  das normas de contabilidade de 1975 à actualidade. A docente universitária da Nova chamou a atenção da assistência para o facto de «a morada da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) coincidir com a da Inspecção-Geral de Finanças, para além do site da CNC estar alojado na página do Ministério das Finanças, o que traduz uma forte ligação entre Fiscalidade e Contabilidade». Leonor Ferreira enfatizou as diferentes características das normas contabilísticas em países de cultura latina e em outros de influência anglo-saxónica. «Existe uma influência crescente do mercado de capitais na Contabilidade, exigindo a demonstração de fluxos de caixa, a divulgação de informação, semestral e anual e a publicação obrigatória do "Boletim das Cotações"», declarou. De seguida, foi abordado o percurso das instituições que regulamentam a profissão de TOC e de ROC: «A CTOC, pelo papel que tem desempenhado e pelas publicações que edita, seja o CD, a Revista "TOC" e a revista científica, tem assumido uma preponderância central no processo de normalização contabilística».
Leonor Fernandes Ferreira referiu ainda a relação entre Portugal e a União Europeia, em matéria contabilística: «Legislar através de directivas é um trabalho lento, mas, apesar de tudo, elas são um instrumento de harmonização seguro. Portugal tem sido rápido na transposição de directivas, comparativamente com os seus congéneres europeus», disse. «O IASB tem mais de uma dezena de colaboradores em tempo real ou parcial a trabalhar nas normas. A avaliar pelo efectivo humano, está garantida a produção de normas de Contabilidade em quantidade e qualidade», referiu.
Relativamente às entidades que influenciam as normas contabilísticas, a docente identificou  a DGCI, os organismos internacionais da UE, o IASB, a CTOC, a OROC, a CMVM, o BP, e o ISP, sem esquecer, mais recentemente, «a comunidade académica, incluindo professores e investigadores», que gradualmente estão a exercer influencia sobre a prática da Contabilidade. No futuro, Leonor Ferreira estima que a vertente da investigação «surja desligada de tudo o resto», especialmente do ensino.
Para fechar com «chave de ouro» mais uma concorrida conferência da Câmara, o contador brasileiro António Lopes de Sá recordou a sua ligação ao ISCAA e a amizade que mantém com Joaquim Cunha, que liderou durante 27 anos a instituição da «Veneza portuguesa». O catedrático em ciências contábeis, a maior referência da Contabilidade em Língua Portuguesa, criticou, sem rodeios, «as normas, que se dizem internacionais» e que apenas se limitam a «fazer o jogo das multinacionais, tendo como único fito, «facturar». «As NIC não são ciência contábil, são apenas demonstrações com erros de tradução do inglês, incorrendo numa heresia do ponto de vista da ciência, assemelhando-se uma autêntica salada de frutas». Sem se conter, Lopes de Sá acrescentou que «falar de globalização é conversa fiada para vender mercadoria. Nada no universo é igual, nem norma, tudo é diferente. E o consenso que alegadamente existe sobre esta matéria, é falso. Parafraseando Buda, "nunca aceites uma coisa apenas porque ela é dita por muita gente". O exemplo aplica-se na perfeição às NIC», justificou o mentor do Neo-Patrimonialismo.
Falando em especial para os TOC na sala, o contador brasileiro, afirmou que a função dos Técnicos Oficiais de Contas passa por «orientar as decisões dos empresários, fornecendo aos seus clientes a fórmula de sucesso. O êxito das empresas é o sucesso da nação e os TOC são os soldados da construção do bem estar dos povos».