Ordem nos media
Contribuintes com IRS agravado em 2004
22 Outubro 2003
Sousa Franco, presidente do Gabinete de Estudos da CTOC, diz que previsão de crescimento das receitas fiscais está sobreavaliada
O ex-ministro das Finanças Sousa Franco considera que a titularização de créditos fiscais pode ter artigos inconstitucionais, tal como está formulada na proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2004. Analisando o OE na sua qualidade de presidente do Gabinete de Estudos da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, afirmou que a grande maioria dos contribuintes verá o IRS agravar-se em 2004 e criticou o facto de nada se prever para evitar o fim do regime fiscal da interioridade. Para Sousa Franco, a proposta é vaga em matéria de venda de créditos fiscais e os seus quatro artigos «não dizem nada a não ser que é possível titularizar quase tudo», o que pode colocar problemas de constitucionalidade e de legalidade. Sobre o cenário macroeconómico e concretamente o crescimento das receitas fiscais (3,5%), considera-o demasiado optimista e sobreavaliado. Lapidar na sua apreciação às alterações fiscais, Sousa Franco alerta para o facto de o regime especial para combater a interioridade caducar no final deste ano, não prevendo o OE nenhuma medida para o impedir. Este regime especial abrange 167 concelhos e visa combater as assimetrias de crescimento. A caducidade ameaça também alguns benefícios fiscais, pois o que está previsto, com algumas excepções, é que estes terminem ao fim de cinco anos. Para o antigo ministro de Guterres, o OE/2004 parece esgotar-se, ao nível do IRC, na descida da taxa de 30% para 25%, apesar de esta descida beneficiar apenas uma pequena parte das empresas. Já sobre o PEC entende que este, apesar de poder ser reformulado, deve manter-se para continuar o efeito pedagógico de luta contra a evasão fiscal. No IRS, Sousa Franco afirma que, com uma actualização dos escalões de 2%, a maior parte dos contribuintes verá a sua situação agravada em 2004. Na análise da CTOC, este é um OE «sem sal nem pimenta» e que «não revela imaginação nem criatividade necessárias para fazer o país sair da crise».