Ordem nos media
Economia cai 1,3% em 2003
11 Março 2004
País voltou a entrar em recessão no terceiro trimestre do ano passado
A economia portuguesa «encolheu» 1,3% no ano passado, com o produto interno bruto (PIB) a recuar para os níveis de 2001, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). E o pior é que o país, já em crise, voltou a entrar em recessão no terceiro trimestre de 2003, depois de experimentar uma ligeira recuperação na primeira metade do ano. Ninguém esperava esta quebra tão pronunciada da riqueza nacional em 2003. O Governo, estimava uma contracção de 0,8% do PIB, embora, em Novembro, o Banco de Portugal já admitisse um intervalo negativo entre 1,5% e 0,75%. O «consenso» entre os economistas era uma quebra de 1,1% do PIB. E qual é a razão para a degradação? O INE explica que na origem do desabamento da produção nacional esteve a «procura interna», o consumo das famílias e o investimento. Por outras palavras: as famílias, confrontando-se com os baixos aumentos salariais, cortaram nas despesas e os empresários não investiram. O próprio Estado contribuiu para a aprofundar a crise, ao cortar 0,6% na despesa pública. Estas duas variáveis - consumo e investimento - provocaram, só por si, uma queda de 3,1% da produção nacional. O PIB acabou por emagrecer «apenas» 1,3%, graças ao contributo do comércio externo. As exportações, respondendo a um aumento da actividade económica na Europa, subiram 3,9% enquanto as importações caíram 1,0% em termos reais, «em linha com a procura interna», segundo o INE. Contas feitas, o contributo do comércio externo para o crescimento do PIB foi de 1,8%. Com esta quebra, a riqueza nacional está ao nível de 2001. Mas, para os economistas, existem outras preocupações. É que economia entra em 2004 mergulhada em profunda recessão. Quando estava a «experimentar melhoras», eis que o PIB volta a contrair no terceiro e quarto trimestre de 2003. De facto, os números do INE indicam que, no quarto trimestre, o PIB encolheu 0,2% face ao terceiro, quando este já tinha caído 0,5% em comparação com o segundo trimestre. Desta vez, tudo indica - já que o consumo e o investimento aumentaram neste período - que a responsabilidade desta «febre» na economia está na desaceleração das exportações, justificada por uma baixa da procura externa. Ou seja, as tentativas de ignição do motor de arranque da economia - as exportações - falharam no último terço do ano.