Comunicados
«Um TOC pode levantar e deitar abaixo uma empresa»
20 Maio 2008
Oitava conferência realizou-se em Coimbra

              

O grande interesse dos Técnicos Oficiais de Contas da zona centro, obrigou a improvisar mais alguns lugares, para cerca de 250, no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC).
Os professores Ana Maria Rodrigues, da Faculdade de Economia de Coimbra (FEC), e Pires Carvalho, do ISCAC, fizeram as honras da casa. A responsável da FEC, que organizou o ciclo de conferências em 2006, reiterou a sua disponibilidade para acolher futuros eventos da CTOC, enquanto o presidente do conselho directivo do ISCAC salientou na sua breve alocução o combate de forças que se está a travar entre o «pragmatismo anglo-saxónico e o conceptualismo latino» em matéria de normas internacionais. O presidente da CTOC, Domingues de Azevedo, designou o fenómeno das NIC uma «importação de cariz cultural» nas nossas tradições e conceitos contabilísticos.
A primeira oradora da tarde, Leonor Fernandes Ferreira, começou por afirmar que a Comissão de Normalização Contabilística (CNC) contribui para a qualidade e melhoria da informação financeira. «Os membros que integram a CNC reúnem-se na sede da Inspecção-Geral de Finanças e o seu site está alojado na página do Ministério das Finanças. Logo, pode-se dizer, que é forte a ligação entre quem faz as normas e a Fiscalidade. Isto não acontece em todos os países mas, por exemplo, em Portugal e França, é assim. Por outro lado, o empresário não vê a Contabilidade como um investimento, mas sim como um custo. Enquanto esta mentalidade não se alterar, é natural que a relação entre Contabilidade e Fiscalidade se mantenha bastante estreita».
Leonor Ferreira chamou a atenção para o «cuidado a ter na tradução das normas», importando ter em conta «o contexto e a respectiva forma de aplicação». A docente da Universidade Nova debruçou-se ainda sobre as alterações ao código do IRC: «muda todos os anos de modo frequente. O artigo 17.º é dos poucos que tem resistido às mudanças».
Obrigado a adaptar-se às constantes mudanças está o Técnico Oficial de Contas: «o grau de exigência associado ao perfil do contabilista dos nossos dias é cada vez maior. É preciso saber informática, línguas, trabalhar em equipa, etc». Por outro lado, as exigências foram em paralelo acompanhadas por um aumento da dignificação profissional. «A organização da profissão mudou muito na última década. A CTOC imprimiu uma dinâmica e visibilidade sociais importantes».
Sobre a Normas Internacionais de Contabilidade, a oradora mostrou-se convicta que «a sua vertente multicultural não cessará». Leonor Ferreira declarou existir «um processo de harmonização a nível ocidental para fundir a contabilidade do IASB e do FASB».
O contador brasileiro António Lopes de Sá explanou em 60 minutos as seis décadas de dedicação e esforço em prol da profissão. Revelou à assistência como recuperou empresas falidas que procuraram os seus serviços, de entre as quais se destaca a maior empresa de controle aeronáutico do Brasil. «Em 8 meses, recuperou e tornou-se uma empresa lucrativa. Qual o segredo? A mudança na combinação de valores, introduzir mexidas no capital de funcionamento e conferir um novo dinamismo», disse. Lopes de Sá quis partilhar este seu caso profissional com os TOC presentes em Coimbra para que estes tomem consciência que «um contador pode levantar e deitar abaixo uma empresa», daí a importância da «responsabilidade social associada» a esta actividade.
Sobre as NIC, não escondeu a sua firme e sustentada oposição. «As normas são impostas sem contraditório e por pessoas que desconhecemos como são eleitas. O lado pragmático das normas está a vencer o lado científico. Estas normas imbecilizam o homem e são uma camisa de forças a que nos querem amarrar». Sem se conter, Lopes de Sá referiu que «os anglo-saxónicos são muito fracos em ciência contabilística» e aventou a possibilidade de, no futuro, «os milhares de euros investidos pelas multinacionais terem, necessariamente, o seu retorno».
Para finalizar, Lopes de Sá debruçou-se sobre o «seu» Neo-Patrimonialismo, a primeira escola em Língua Portuguesa, que totaliza mais de 500 mil seguidores, em particular na América do Sul, África e Portugal.