Comunicados
Unir esforços contra as NIC
5 Maio 2008
Ciclo de conferências no âmbito do IX Prolatino arrancou em Lisboa

  

 

Um rotundo «não» às normas internacionais de contabilidade. Esta é a posição frontal de António Lopes de Sá, doutor em Ciências Contábeis e um dos grandes nomes da Contabilidade mundial sobre as NIC. A oposição deste especialista brasileiro ficou bem vincada perante as cerca de 180 pessoas que lotaram, no passado dia 2 de Maio, o auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), na primeira das conferências que a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas organizou no âmbito do IX Prolatino.
«Valor da teoria e teoria do valor», o título da exposição com que Lopes de Sá "presenteou" os Técnicos Oficiais de Contas de todo o País, serviu para alicerçar a convicção do autor de que «nas NIC não tem havido responsabilidade com os conceitos da ciência. Estamos perante interesses muito fortes das grandes multinacionais de auditoria.»
Reafirmando a sua convicção de que «consenso não é ciência», Lopes de Sá socorreu-se de Platão para ilustrar a forma de pensamento que subjaz à criação nas normas internacionais: «A democracia é um sistema onde o povo pensa que manda e quem manda não pensa no povo.» Diante de uma plateia atenta e rendida aos seus dotes oratórios, Lopes de Sá deixou bem claro que o «problema das normas chega a ser hilariante. Veja-se o que se passa com as traduções, por exemplo. Chega-se ao ridículo de dizer que activo é recurso, só porque a palavra inglesa é resource.»
As posições de António Lopes de Sá não passaram indiferentes aos Técnicos Oficiais de Contas que se despediram do professor com uma calorosa ovação. Mas esta foi a ponta final de uma tarde que teve como primeira oradora Leonor Fernandes Ferreira, docente na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, e que arrancou com uma breve intervenção de Jaime Santos, director da CTOC. Este responsável justificou a organização deste ciclo de conferências com a necessidade de os TOC terem «o background suficiente de tudo o que interage com a matriz dos nossos conhecimentos, de tudo o que tem a ver com a nossa profissão.»
O mote estava dado e Leonor Fernandes Ferreira falou sobre «A representação contabilística e o relato financeiro em Portugal», caracterizando o contexto em que as normas contabilísticas têm sido elaboradas e descrevendo o ambiente em que as empresas portuguesas fazem o relato financeiro e quem nele participa.
Na abordagem histórica para enquadrar a regulamentação contabilística, Leonor Fernandes Ferreira chamou a atenção de um pormenor aparentemente irrelevante (o endereço da página electrónica da Comissão de Normalização Contabilística está inserida no Ministério das Finanças) para ilustrar a profunda relação existente em Portugal entre Contabilidade e Fiscalidade, assegurando mesmo que «a Fiscalidade foi essencial para desenhar a Contabilidade que as empresas portuguesas hoje fazem.»
O mercado de capitais, a organização da profissão e as influências internacionais foram outros tópicos que mereceram desenvolvimento, concluindo a autora que a evolução do sistema contabilístico conduziu ao aumento de exigências quanto à informação contabilística, à criação e reorganização de comissões de normalização contabilística e ao aparecimento de novas normas, para além da reestruturação e reforço das estruturas associativas da profissão. Por outro lado, parece não restar dúvidas sobre o esbater da influência francesa em detrimento do avanço das ideias anglo-saxónicas. Um caminho que o futuro avaliará e que talvez ajude a desmentir (ou reforçar) o retrato do «Gato Fedorento» que Leonor Fernandes Ferreira fez questão de lembrar: «Ser contabilista é (...) chegar aos trinta todo grisalho.»

 

Resumo de outras conferências:

Conferência em Faro, realizada na ESGHT, a 5 de Maio

Conferência em Évora, realizada na CCRA, a 7 de Maio

Conferência em Vila Real, realizada na UTAD, a 12 de Maio

Conferência em Braga, realizada na UMinho, a 12 de Maio

Conferência no Porto, realizada no ISCAP, a 14 de Maio

Conferência em Aveiro, realizada no ISCAA, a 14 de Maio

Conferência em Coimbra, realizada no ISCAC, a 16 de Maio