Eventos
International Congress of Accounting History | Porto, 10 e 11 de outubro 2024
31 Julho 2023
CIHC_out2024Porto
Fique a par do que de essencial foi dito ao longo dos dois dias.

 

DESTAQUES


10 de outubro - Dia 1

Sessão de abertura

Cerca de duas centenas de congressistas, oriundos de 10 nacionalidades, quatro sessões plenárias, 36 exposições espalhadas por 12 sessões paralelas.


Estes são os números redondos do International Congress of Accounting History (ICAH) que decorre hoje e amanhã, 10 e 11 de outubro, nas instalações da Ordem, no Porto. A organização está a cargo da Comissão de História de Contabilidade (CHC) da OCC.


Jorge Barbosa realçou, na sessão de abertura, que «é importante trazer a história da contabilidade para o presente, permitindo compreender o mundo de hoje e antecipar o futuro.» O vice-presidente da Ordem acrescentou ainda que, recentemente, a contabilidade teve um papel central em Portugal, identificando dois momentos: a última intervenção da troika em Portugal e a introdução do SNC-AP.


Por seu turno, Delfina Gomes referiu que «aprender com a história da contabilidade é importante para compreender o ambiente complexo em que vivemos e o ponto a que chegámos enquanto humanidade». A presidente da comissão científica do congresso e vogal da CHC referiu ainda que «podemos, por isso, aprender e saber mais com os instrumentos que temos à disposição.»

 

Sessão plenária 1

Lee Parker, investigador da Universidade de Glasgow, foi o primeiro keynote speaker do congresso e partilhou um tema de grande interesse e pertinência: «A eficiência no escritório e o controlo de gestão: da gestão científica até à era híbrida dos nossos dias».

O professor de história da contabilidade expôs perante a plateia as transformações operadas no espaço dos escritórios e gabinetes de contabilidade, com novas organizações no local de trabalho e também nos métodos, onde ninguém tem uma área exclusiva, com o teletrabalho - que ganhou novo impulso com pandemia - ainda a perdurar em muitos negócios.

Os colaboradores mais jovens são um outro fator de apelo à flexibilidade para quem gere as empresas. «Especialmente com a "Geração Z", o foco no controlo muda e fica mais centrado no processo e, consequentemente, nos resultados», defendeu. A «supervisão pelo olhar direto» e o «aprisionamento» no local de trabalho estão a perder adeptos e, segundo os estudos mais recentes, a nova estratégia colhe resultados positivos. «A produtividade nos escritórios nos últimos três anos manteve-se ou até melhorou com o trabalho à distância», referiu o orador. Mas ainda há os que resistem, em especial os gestores tradicionais que não estão habituados a este novo paradigma.

Sessão plenária 2

Christopher Napier inspirou-se num livro que adquiriu, recentemente, numa livraria de Winchester, a localidade onde vive, no sul de Inglaterra. «History for Tomorrow» do filósofo australiano Roman Krznaric foi a obra que serviu de ponto de partida para a apresentação que fez na última sessão plenária do primeiro dia do ICAH: «A história da contabilidade do amanhã: dimensão social, cultural e moral.»

O professor emérito de contabilidade pela Royal Holloway da Universidade de Londres abordou o papel que os investigadores desta área e também os próprios contabilistas certificados podem ter na resposta à cerca de uma dezena de desafios globais com que a humanidade se confronta. «Os historiadores da contabilidade querem melhorar o mundo onde eles também vivem», argumentou.

Para o investigador britânico, «a história da contabilidade entendida do ponto de vista da utilidade, ajuda-nos a melhorar a própria prática contabilística.»

Em jeito de remate, deixou uma declaração para a reflexão da atenta plateia: «Temos de deixar ver a contabilidade como uma "caixa negra" de onde saem soluções puramente técnicas. Por isso, jamais podemos esquecer a sua dimensão cultural», sustentou.


11 de outubro - Dia 2

Sessão plenária 3

O segundo dia do ICAH começou ao bater das 9 da manhã, com a intervenção de outro nome maior da história da contabilidade: Gary Carnegie.

As maravilhas da tecnologia permitiram que, através da plataforma Zoom, o keynote speaker fizesse a sua intervenção a partir de Melbourne, na Austrália, onde os relógios marcavam 10 horas mais.

Exibindo os seus icónicos óculos de hastes azul turquesa o professor emérito do departamento de contabilidade da RMIT University, em Melbourne, fez um detalhado resumo da forma como está organizada a comunidade da história da contabilidade em vários países do mundo e passou em revista os vários congressos e conferências internacionais desta especialidade já realizados.

Curiosamente, passava hoje, 11 de outubro, precisamente 54 anos sobre a realização do primeiro congresso mundial de história da contabilidade.

Uma efeméride que foi aproveitada por Carnegie para saudar a iniciativa da OCC, que decorreu durante dois dias no Porto. Falando ainda sobre Portugal, o reputado investigador lembrou a criação, por parte da APOTEC, do centro de história da contabilidade, em 2016, a constituição da Comissão de História da Contabilidade da OCC, surgida em 2007 e, finalmente, a conferência realizada em Braga, no ano de 2005.

A intervenção foi ainda aproveitada para considerações mais genéricas, mas igualmente de grande alcance: «O poder da contabilidade no mundo é imenso, mas temos de orientá-la para um mundo melhor.» Adaptando uma frase que o presidente americano, J.F. Kennedy tornou célebre, o docente australiano terminou com o seguinte conselho aos contabilistas certificados: «Não perguntem o que a contabilidade pode fazer por si, mas antes o que você pode fazer pela contabilidade.»

Sessão plenária 4

O antigo feudo territorial no sul de Itália, em Alberobello - uma das heranças históricas e património da UNESCO -, foi o tema da apresentação de Laura Maran, uma transalpina, nascida na zona montanhosa de Trento, mas que até há poucas semanas residiu, por motivos de trabalho, na quente Austrália, no hemisfério sul do planeta.

Este foi o ponto de partida para partilhar reflexões sobre o que é que a contabilidade e os profissionais podem fazer em termos da contabilização da arte, cultura e património, sem nunca esquecer ou prevenir uma eventual ligação a possíveis fraudes fiscais.

Sem papas na língua, Laura Maran defendeu que os contabilistas podem lucrar com a mudança de atitude: «Os contabilistas têm sido muito tímidos em expandir e em compreender a sua importância em várias dimensões, e também neste segmento das obras de arte, em particular, isso acontece.» Outro exemplo: «Nas alterações climáticas os contabilistas não dão o passo em frente e evitam formular um valor contabilístico para os desastres naturais que acontecem. Para tomar decisões é preciso haver evidências e os contabilistas são os profissionais indicados para recolher e apresentar esses dados.»

Sessão de encerramento

O início da sessão de encerramento aconteceu uns minutos antes da hora prevista no programa. Jorge Barbosa, vice-presidente da OCC, fez um balanço muito positivo do evento, traduzido em duas dimensões: em primeiro lugar, «o sucesso gerado pelo contributo dos oradores das sessões plenárias e paralelas e a reflexão e a inspiração geradas» pelos testemunhos trazidos até ao Porto.

O responsável da Ordem considerou ainda de fundamental relevância o facto de «a organização do Congresso tudo ter feito para promover a proximidade entre os participantes, criando um sentimento de família e de integração entre todos.» Seguiu-se um desafio aos elementos que compõem a Comissão de História da Contabilidade (CHC) da Ordem: «Continuem a surpreender-nos.» Sentado ao seu lado o presidente da CHC aceitou, de pronto, o repto e anunciou para breve a divulgação da data do próximo congresso da especialidade.

Sessões paralelas

O mundo da história da contabilidade esteve reunido, durante dia e meio, nas instalações da OCC, no Porto. 36 apresentações espalhadas por 12 sessões e três salas. Para além dos portugueses - a jogar em casa - congressistas de nacionalidades tão diversas como Itália, Brasil, Reino Unido, Japão e...Gana.

Temas tão desafiantes, absorventes e surpreendentes, como a administração pública no Estado Novo, os "custos ocultos" da Guerra do Ultramar, a contabilidade no período pombalino, o trabalho das mulheres no século XIX, passando pelo perspetivar da investigação em história da contabilidade na era da Inteligência Artificial.

A tudo isto e muito mais se pode resumir o International Congress of Accounting History, organizado pela Comissão de História de Contabilidade da Ordem.


***


A Comissão de História da Contabilidade da Ordem promove, a 10 e 11 de outubro de 2024, nas instalações da OCC, no Porto, o International Congress of Accounting History  (Congresso Internacional de História da Contabilidade), subordinado ao tema «The cultural and social dimensions of accounting: an historical perspective» («As dimensões culturais e sociais da contabilidade: uma perspetiva histórica»).

Pretende-se que este evento seja um marco e uma referência, contribuindo com mais um passo para aproximar a academia e a profissão. Para tal, a Ordem  aposta forte nesta iniciativa, ambicionando ter os melhores especialistas, nacionais e internacionais.

Do estrangeiro são já presenças confirmadas, oradores como Garry Carnegie, Giulia Leoni, Christopher Napier e Lee Parker.

Consulte o microssítio, exclusivamente criado para o efeito, onde poderá encontrar, para além da mensagem de boas vindas da bastonária, os call for papers e as condições de inscrição disponíveis

Microssítio