Estava na "cadeira de sonho" da multinacional Microsoft, num cargo de topo, como chief financial officer (CFO) há cinco anos. Para além da morte prematura dos seus pais, ambos na faixa etária dos 50 anos, a paralisação provocada pela pandemia acelerou o processo?
O único condicionamento provocado pela Covid foi que os meus investimentos tivessem uma performance diferente daquela que eu estava à espera, nomeadamente os imobiliários que, subitamente, deixaram de dar dinheiro. Provavelmente sem pandemia, até podia ter antecipado a data da minha «reforma». O timing definido para a minha saída coincidiu com o momento em que o rendimento que retirei dos meus ativos era suficiente para colmatar as minhas despesas base, mensais e anuais. Ainda assim, a rentabilidade gerada pelos meus investimentos foi maior do que o anteriormente tinha estimado.
Liderar a área financeira de uma grande multinacional é, para além de um projeto de carreira que marca, um trabalho de desgaste rápido. Como é que se concilia a pressão, a obtenção de bons resultados, a gestão das relações humanas, com uma situação de burnout que sofreu?
Ter a área financeira de uma grande multinacional a nosso cargo é tremendamente desgastante. Mas, na verdade, todas as profissões de alto nível causam desgaste. E mesmo as que não são de alto nível, também causam. Isso também depende muito da entrega ao projeto e do compromisso que temos com a empresa. O que sempre apreciei na Microsoft é que esta multinacional põe as pessoas primeiro lugar. Valoriza, em simultâneo, o máximo de responsabilidade e de compromisso. Não há horário fixo das 9 às 5, o que é preciso é cumprir objetivos e deadlines, executando as tarefas planeadas. A responsabilização do colaborador é máxima.
No mundo corporativo, mesmo nos cargos de topo, também não há insubstituíveis?
Acredito piamente nisso. Normalmente quem pensa que é insubstituível tende a ser mau líder. Por norma, estas pessoas retêm informações para elas próprias, não partilham objetivos, tornando as suas equipas “cegas” quanto ao rumo a seguir. Um bom profissional com um cargo de liderança até pode ir mais longe: vai ajudar a desenvolver as competências e o potencial de alguém que veja como seu sucessor. A isto chama-se liderar pelo exemplo. Nos Estados Unidos está muito enraizado o growth mindset, a mentalidade que se foca no esforço e empenho para ser capaz de aprender tudo aquilo a que nos propomos.
Há pouco falamos em ditados populares: «Nunca digas nunca» é outra frase que é comum ouvir-se. Foi «assediada» por vários caçadores de talentos após anunciar a sua “reforma”. Que tipo de projeto a faria regressar de novo ao mercado de trabalho?
Muito sinceramente, nenhum. “Comprei” o meu tempo de volta e quero continuar a ser a dona da minha agenda. Não me vejo sentada num escritório, a responder a emails o dia todo. Para além disso, não me vejo a trabalhar nos moldes que a sociedade tem atualmente. Por exemplo, jamais voltaria a uma multinacional. Mas também lhe digo, com toda a frontalidade: se um dia, por hipótese, o dinheiro me faltar, não tenho problemas em ir lavar escadas.
Acredita que esta sua tomada de posição pública e a notoriedade que ganhou com esta sua mensagem pode fazer caminho e inspirar outras pessoas?
Sim. A mensagem que partilhei pretende ser inspiradora, mas não é necessariamente para decalcar aquilo que fiz. Bem sei que entrei na OCC em 2000 e comecei a carreira pouco depois, com salários diferentes, num tempo e numa realidade diferente. Mas, por exemplo, os conceitos de ambição, superação permanente e de querer sempre ser melhor são intemporais. Da mesma forma que os mentores são pessoas que nos ajudam a desenvolver competências, a crescer, e não se fala disso em Portugal. O pedir feedback, a reação a uma resposta construtiva e ter um orçamento para perceber, parcela a parcela, para onde o nosso dinheiro está a ir são outras estratégias. Passamos cerca de 40 horas semanais a trabalhar e não perdemos uns minutos para perceber isto? Há coisas que podem mudar nas vidas das pessoas para que seja possível tomarem o controlo das suas carreiras, e também das vidas pessoais e financeiras, sempre tendo como fito alcançar mais bem-estar.
No fundo, sintetiza uma nova forma de estar perante a vida?
Os pilares em que assenta o livro que escrevi são tabu no nosso país. A ambição, erradamente associada à ganância, a saúde mental e o dinheiro são temas que preferimos não abordar por serem incómodos. Decidi ser arrojada e falei deles como deve ser, sem preconceitos.
«Quando saímos da faculdade “vendemos” o nosso tempo a uma empresa em troco de um salário. O que fiz foi “comprar” a minha liberdade de volta.»
Voltamos a falar de saúde mental e de técnicas de psicologia quando faz a sua análise matinal que lhe permite gerir o seu dia a dia. Pode partilhar connosco esta estratégia?
É um exercício de meditação, introspeção, no fundo de equilíbrio, a que dei o nome simples de «três caixinhas». Passo a explicar: o “eu” (estou saudável? A comer bem? Faço exercício físico?), a “família e os amigos” (tenho estudado com a minha filha, feito refeições diárias com o meu marido e passado momentos de qualidade com as pessoas que mais amo) e, finalmente, o “trabalho”. Penso que as pessoas olham para esta “caixinha” apenas de um dos ângulos (estou numa empresa que me valoriza e em que consigo atingir os meus objetivos? Pagam-me o salário suficiente?). Negligencia-se a vertente que visa responder à pergunta: estou a ajudar a empresa a atingir os seus objetivos? É desta minha análise matinal que consigo perceber quais destes domínios, individualmente, precisa de mais atenção, foco e prioridade. Sempre em busca do equilíbrio, é uma ferramenta que considero preciosa para planear o dia a dia.
Principalmente nas gerações mais novas há alguma indefinição sobre a carreira a seguir no futuro. «O que quero ser quando for grande?» é uma pergunta menos infantil e mais necessária de ser feita do que se pensa?
É verdade. Todos nós respondemos a essa pergunta ainda com tenra idade. Uns dizem bombeiro, outros médico, outros ainda astronauta. Há cenários para todos os gostos. O que acontece é que quando saímos da faculdade e há uma panóplia de profissões que podíamos seguir, essa pergunta não é feita. Para ter ambição é necessário fazer o plano de carreira, mas antes disso dar resposta à pergunta fundamental: «O que é que eu quero ser quando for grande?» O resultado está à vista: entramos no mercado de trabalho, estamos descontentes, ganhamos mal, mas continuamos a fazer o mesmo, anos a fio. E não existe a ambição para ir mais longe e concretizar um objetivo. Com esta atitude, não se desenvolvem as competências necessárias para crescer e não se alcançam novos patamares.
Trabalhou no estrangeiro, em filiais da Microsoft, em cinco países (Espanha – Madrid; França – Paris; Brasil - São Paulo; e Estados Unidos - Seattle e Miami) e no seu país de origem, em Lisboa. Refere que poupou 15 a 20 por cento do salário auferido no estrangeiro e também nas taxas de IRS aplicadas. Antes de aceitar estas propostas fez algum tipo de análise e planeamento fiscal?
Sim, exaustiva. Para que se perceba, tinha sempre duas fases muito definidas para aceitar as propostas para ir viver no estrangeiro. A primeira condição era existir concordância familiar (entre o marido e a filha) e a outra condição era o fator fiscal. Faz sentido do ponto de vista fiscal ir viver para aquele país? Quando decidi regressar dos Estados Unidos para a Europa, podia ter ido para a Dinamarca, a Suécia ou até para Portugal. Contudo, escolhi ficar em Madrid, simplesmente porque existia a «Lei Beckham» - um regime fiscal especial, aprovado em junho de 2005, que levava o nome do conhecido jogador de futebol do Real Madrid, destinado a todos os trabalhadores estrangeiros que vivam em Espanha. Em termos de IRS esta lei favoreceu-me, porque paguei bem menos impostos do que se regressasse ao meu país.
Qual foi o país em que retirou mais vantagens do ponto de vista fiscal?
O Brasil. É um país lindo, mas muito violento. Tem a característica de existir uma grande diferença do ponto de vista salarial entre as pessoas que ocupam cargos elevados e os outros, o que cria um enorme fosso entre classes. As commodities são muito baratas e os salários altos para cargos de topo. Para além disso, na altura em que lá estive a taxa de câmbio também era muito favorável e o meu marido estava abrangido pelo pacote de expratriados, o que nos permitia ter várias despesas pagas. Foi um momento da minha vida em que consegui ter uma taxa de poupança muito elevada, o que me permitiu angariar muito dinheiro.
«Normalmente quem pensa que é insubstituível tende a ser mau líder. Por norma, estas pessoas retêm informações para elas próprias, não partilham objetivos, tornando as suas equipas “cegas” quanto ao rumo a seguir.»
A mundivisão pelo facto de ser emigrante durante 12 anos reforçou-lhe a ambição?
Acho que sim, mas os portugueses, desde as suas origens, têm sempre aquele «bichinho» de conquistar o mundo. Como povo cruzamos fronteiras, atravessamos oceanos, dividimos o mundo com os espanhóis. Faz parte da nossa essência o desejo de conquistar o mundo. Mas também há o reverso da medalha. Camões descreveu, como ninguém, em «Os Lusíadas», a figura do «velho do Restelo», que personifica o horror à mudança e a resistência a sair da zona de conforto. Isto é o outro lado dos portugueses. É este misto que nos torna um povo tão peculiar. Mas foi, sem dúvida, uma alavancagem gigante ter vivido no estrangeiro, não só pelas vantagens financeiras e fiscais que retirei, mas também pela riqueza cultural e abertura de espírito que experienciei. Só para adicionar uma nota ao que falamos anteriormente, cerca de 40 por cento da população norte-americana investe no mercado bolsista. No outro dia estive à procura de uma estatística semelhante em Portugal e…não encontrei.
Provavelmente, estamos a falar de números residuais…
Admito que se não tivesse vivido nos Estados Unidos, provavelmente esta opção tinha-me passado ao lado. Sensibilizada que fui para isto, decidi aprender como funciona Wall Street e percebi que comprar ações faz muito mais sentido do que ter o dinheiro aplicado num depósito a prazo. E, por isso, a aposta em ações em bolsa de tecnológicas foi um dos meus pilares em termos de planeamento financeiro para a minha «reforma». Isto para além de investimento em imobiliário (alojamento local e aluguer a “nómadas digitais”) e poupança, nomeadamente em planos poupança-reforma (PPR). Confesso que adquirir imóveis sempre foi um investimento muito gratificante e com um ótimo retorno. Em suma, nunca deixem é o dinheiro parado.
O conceito de investimento, e das oportunidades disponíveis neste âmbito, está pouco disseminado na sociedade portuguesa. Falta uma cultura de risco?
Venho de famílias humildes e os meus pais ensinaram-me, de forma muito arreigada, a importância da poupança. Mas para além de poupar, é preciso investir e de forma diversificada. O problema é que as pessoas desconhecem como e porque investir. E o primeiro investimento que as pessoas devem fazer é nelas próprias. Um investimento diversificado deve obedecer a uma espécie de “triângulo dourado”, com os seguintes vértices: liquidez (quão rápido o dinheiro está disponível), risco (a probabilidade de perder) e rentabilidade (o montante a retirar do investimento). Quando falo em liquidez, refiro-me ao meu fundo de emergência que são seis vezes os meus gastos mensais. E é preciso salientar que este fundo tem de estar num lugar a que eu tenha rapidamente acesso, nomeadamente um depósito a prazo. As pessoas mais avessas ao risco começam por fazer aplicações mais conservadoras, um PPR, por exemplo. O meu primeiro PPR fi-lo em 2001, com capital garantido, e ao fim de 20 anos deu-me…100 euros. Moral da história: risco mínimo, rentabilidade mínima. Neste momento, como já disponho de um perfil de investidora diferente, tenho PPR associados a fundos de investimento que têm ações cotadas em bolsa.
Também tem ações de empresas por motivos emocionais, por exemplo?
Sim, tenho ações da Microsoft e de outras empresas. No fundo, e no caso da Microsoft, é como se tivesse (e tenho) um bocadinho da empresa. Gosto particularmente de adquirir ações de empresas que para mim são especiais pelo facto de entender os produtos que vendem. As ações das corporações normalmente atribuem dividendos que, como os contabilistas sabem, são a distribuição do lucro das empresas. Por isso, sou muito fã destes investimentos.
Ainda é mal visto em Portugal afirmar, como é o seu caso, que se vive dos rendimentos?
Quando estabeleci a meta de retirar-me aos 50 anos, ainda não existia o conceito americano do Financial Independence, Retire Early (FIRE), por isso, dizia que ambicionava viver dos rendimentos, como os meus pais diziam. E o que constato é que já há muita gente em Portugal a aderir ao FIRE, alguns deles são meus seguidores nas redes sociais. A reforma em Portugal está intrinsecamente associada a um subsídio da Segurança Social que, sublinho, não recebo e nunca vou receber.
As empresas estão confrontadas com a escassez de talentos e dificuldade na sua retenção. As novas gerações exigem cada vez mais o trabalho híbrido ou a semana de quatro dias. O paradigma está a mudar e são as empresas que se têm de adaptar aos colaboradores e não o contrário?
Depende da lei da procura e da oferta, bem como do setor em que a empresa se insere. Se estivermos, por exemplo, a falar de informáticos na área da cibersegurança, acho que as empresas não têm outro remédio que não seja adaptar-se aos colaboradores, por haver uma escassez de profissionais nesta área. Agora, se a lei da procura e da oferta estiver invertida, são as empresas que ficam com a «faca e o queijo na mão.» Contudo, creio que para benefício de todos devia ser generalizado o conceito de flexibilidade. Porque não há o one size fits all.
Defende soluções caso a caso?
Sim, não podemos exigir a todas as pessoas que vão para o escritório quando algumas delas odeiam lá estar e preferem trabalho remoto. E o contrário também se aplica. É preciso flexibilidade e questionar diretamente os colaboradores o que é que faz mais sentido perante a sua situação pessoal concreta. Imagine, por exemplo, um colaborador que tenha um filho pequeno, que requer atenção, permite-se um modelo de flexibilidade e a possibilidade de trabalho remoto. Da mesma forma que um colaborador que está com as crianças "pelos cabelos" pode pedir para regressar ao escritório. A receita só pode ser uma: máxima flexibilidade, máxima responsabilidade.
«As soft skills são, atualmente, a chave em qualquer processo de recrutamento. Sempre privilegiei ter nas minhas equipas pessoas curiosas, que estão sempre a fazer perguntas, em busca das melhores soluções. Pessoas que queiram crescer, aprender, nunca desistam e primem pela adaptabilidade.»
Uma empresa que queira vingar e ter os melhores consigo, seja uma multinacional ou de pequena dimensão, tem de incorporar esta dinâmica e apostar no work life balance?
Necessariamente. Cada vez mais, e isso acentuou-se depois da pandemia, as pessoas valorizam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Eu vou mais longe e acho mesmo que é uma questão de fusão entre ambas as dimensões. Se todos os colaboradores entrarem em burnout ou forem acometidos por problemas de saúde mental a empresa dificilmente vai sobreviver. Não é possível ignorar.
Mudar de funções e promover a rotatividade dentro da empresa com o passar dos anos é uma estratégia que recomenda para empresas e colaboradores?
Quando estava na Microsoft existia um programa muito interessante para os recém-licenciados e que se baseava na rotatividade. Passo a explicar: as pessoas eram contratadas e durante dois anos mudavam de função quatro vezes. E durante esse período iam desempenhando funções diferentes na empresa, para que fossem percebendo as tarefas para as quais se sentiam mais aptas. Isso serve, em muitos casos, para as pessoas confirmarem ou não se têm apetência pelas profissões com que sempre sonharam. E há outro aspeto: para ser diretora financeira de uma empresa é importante antes conhecer a equipa de vendas e os produtos que estamos a comercializar na empresa. Daí a importância desta rotatividade e da ambientação a novas tarefas. Seremos, certamente, melhores profissionais.
«Cerca de 40 por cento da população norte-americana investe no mercado bolsista. No outro dia estive à procura de uma estatística semelhante em Portugal e…não encontrei.»
Trabalhou com várias equipas, em vários países, ao longo destes anos. Que características privilegia no processo de recrutamento de um colaborador?
As soft skills são, atualmente, a chave em qualquer processo de recrutamento. Sempre privilegiei ter nas minhas equipas pessoas curiosas, que estão sempre a fazer perguntas, em busca das melhores soluções. Pessoas que queiram crescer, aprender, nunca desistam e primem pela adaptabilidade. Se tiverem conhecimentos e entrosamento em processos sofisticados do ponto de vista tecnológico, melhor. A inteligência artificial está a ganhar mais espaço nas nossas vidas e veio para nos ajudar.
A sustentabilidade é, assumidamente, uma das suas paixões. Como é que as empresas e as pessoas se estão a adaptar a esta inevitabilidade que é muito mais do que ambiental, é também social, económica e de governance?
Com a instauração dos critérios ESG nas empresas, especialmente as cotadas em bolsa, estamos a dar passos no caminho certo. O problema é que estamos a dar passinhos de bebé, quando já devíamos estar a correr ao ritmo dos 100 metros barreiras. Os Estados Unidos estão claramente à frente nesta e noutras temáticas, se excetuarmos, porventura, a dimensão da governance.
Está inscrita na OCC desde novembro de 2000 e depois de regressar do estrangeiro participou no VI Congresso da instituição realizado no Pavilhão Atlântico, em 2019, subordinado ao tema «Liderar a Profissão Digital», tendo participado num painel sobre a accountability. Sempre trabalhou em auditoria, mas qual é a sua relação com a contabilidade e a ordem profissional desta profissão?
Formei-me no ISCAL. Para ser franca, nunca fiz contabilidade na prática, sou uma pessoa da auditoria. Mas não sei o dia de amanhã e gosto de manter esta ligação às nossas bases e a uma organização que é cada vez maior e tem feito o seu caminho de afirmação na sociedade portuguesa. Pago trimestralmente, e religiosamente, as quotas por débito direto. Mas nunca usufruí, na prática, porque estive sempre no estrangeiro. De momento, beneficio apenas do seguro de saúde. Em 2022 fui à Festa de Natal, com a minha filha e uns colegas. E também uso muito a toalha de praia, que tem uma cor espetacular e foi uma iniciativa de grande simbolismo.
Para finalizarmos e sem querer criar inveja a quem nos lê, pode partilhar como é que é o dia a dia de uma pessoa, atualmente com 45 anos, que se retirou do mundo corporativo?
Acordo às 6h30, sem despertador, preparo a minha filha para a escola e vou treinar com meu personal trainer na praia. Para além disso, alterno o skate, o padel e, se houver ondas, vou surfar, ou em Carcavelos ou na Costa da Caparica. Depois, almoço com o marido. Consulto o email, para descobrir se há pedidos de palestras, podcasts, entrevistas, e atualizo as redes sociais com alguns conteúdos. A filha chega a casa às quatro da tarde, ajudo-a nos trabalhos de casa, brincamos um bocadinho, etc. Para além disso, adoro viajar. Já conheço 75 países e quero chegar aos 100. Se há um paraíso na Terra, é nas Maldivas. Penso que é tudo. Em resumo: há vidas melhores, mas são mais caras! (risos) Moral da história: há uma vida para além da nossa carreira profissional. Como diz o título do meu livro, «A vida não pode esperar».
Entrevista Nuno Dias da Silva | Fotos Raquel Wise
Perfil
Rita Piçarra nasceu em Lisboa, a 14 de maio de 1979. Cresceu no seio de uma família humilde numa superpovoada freguesia do concelho de Sintra. No ensino secundário, um professor, apercebendo-se das suas qualidades, aconselhou-a a enveredar pela auditoria. E assim foi. Diplomou-se no ISCAL, precisamente nesta área, e começou a trabalhar numa das big five de então, a Deloitte. Mas foi na Microsoft, onde percorreu várias países, sempre em cargos de alta responsabilidade, que planeou, a régua e esquadro, a sua independência financeira ainda nos 40 anos. É no livro «A vida não pode esperar – Uma estratégia para conseguir deixar de trabalhar», com a chancela da Contraponto, que conta a sua história. Apesar de sempre ter feito auditoria, está inscrita, como membro ativo da OCC, desde o ano 2000.
Esta entrevista faz parte da edição da Revista Contabilista 289, de maio de 2024, que pode aceder aqui